terça-feira, 22 de outubro de 2013

As noites ardidas de verão


João Carlos Micheletti Neto
Quem aqui nunca ficou ardido depois de um dia ensolarado de verão? Se você sabe do que estou falando, sabe também que as noites ardidas poderiam ter sido evitadas, se tivéssemos tomado alguns cuidados básicos...
Quando exageramos na exposição ao Sol, provocamos uma reação de defesa em nosso organismo, mais especificamente na pele, nosso órgão protetor. A vermelhidão ou o bronzeado nada mais são do que formas que a pele apresenta para tentar proteger nosso corpo da exposição prolongada ao Sol.
A pele de qualquer ser humano apresenta um tipo de célula conhecida como melanócito, que é responsável pela produção e acúmulo de melanina. A melanina é o pigmento que dá a coloração típica do indivíduo e protege contra a radiação (ultravioleta) nociva do Sol. Assim, ficamos bronzeados porque nossa pele aumentou a quantidade de melanina, tentando nos proteger do Sol.
Quando exageramos na dose de Sol, a pele fica ardendo, ou pior, com queimaduras sérias. Mas o ardor, os inchaços, as queimaduras e até mesmo o envelhecimento precoce e a flacidez da pele são os problemas menos graves dessa história toda. A radiação ultravioleta existente na luz solar pode provocar vários tipos de câncer de pele, inclusive um tipo mortífero, conhecido como melanoma. O melanoma, se não for tratado em seu início, é quase sempre fatal.
O envelhecimento precoce e o câncer de pele são efeitos do Sol não percebidos de um dia para o outro. A radiação ultravioleta apresenta influência cumulativa em nosso organismo, o que significa que a cada exposição indevida ao Sol, aumentamos o risco de desenvolvimento de câncer. Mas, se a radiação ultravioleta está sempre presente no Sol nosso de cada dia, será que estamos fadados a desenvolver câncer de pele? Não podemos fazer nada para evitar este problema?
Com o conhecimento sobre os perigos associados à exposição prolongada ao Sol e com cuidados simples, podemos, sim, diminuir os riscos de desenvolver qualquer problema e podemos, até mesmo, evitá-los.
Um dos cuidados mais simples que podemos tomar é o uso correto e constante do protetor (filtro) solar.
Os filtros solares são produtos que proporcionam uma proteção adicional à nossa pele contra as radiações nocivas do Sol. A melanina seria um protetor solar natural que nosso corpo produz mas, como você bem sabe, nós não ficamos bronzeados de uma hora para outra. Por isso é muito importante nos protegermos antes da exposição ao Sol.
São duas as formas como os filtros solares podem proteger a nossa pele: refletindo a radiação que nos atinge ou absorvendo esta radiação antes que nossa pele a absorva. Os materiais sob a forma de pasta branca bloqueiam a passagem da luz, impedindo a passagem da radiação ultravioleta. Este bloqueio acontece, pois os materiais provocam alta reflexão da radiação que chega à pele. Além disto, misturados à pasta branca, existem outras substâncias que penetram superficialmente em nossa pele e são capazes de absorver a radiação ultravioleta não refletida.
Todos os filtros solares apresentam um número em sua embalagem que indica seu fator de proteção.
Este número indica o grau de proteção que o produto oferece, ou seja, o tempo que a pessoa pode permanecer ao Sol sem ficar com a pele avermelhada (início de queimadura). Por exemplo, se a pele de uma pessoa, sem proteção, leva 20 minutos para ficar avermelhada, com um filtro solar de fator 15, a mesma pele levará 15 vezes mais tempo, ou seja, 300 minutos. Contudo, isso não significa que ao usar o filtro solar uma vez as pessoas estarão livres das queimaduras. Passado o tempo de proteção do filtro, a pele sofrerá os danos como se estivesse sem protetor solar.
Mas não são todas as pessoas que precisam de apenas de 20 minutos para que sua pele comece a ficar queimada. Na verdade, este tempo é muito variável, pois depende de alguns fatores, como a quantidade de melanina (pigmentação) da pele e dados geográficos, como altitude e latitude. Como saber, então, qual é o filtro solar mais indicado para mim?
Segundo especialistas, o filtro solar mínimo para uma proteção adequada é o de fator de proteção 15.

Filtros com fatores maiores que 15 proporcionarão mais tempo de proteção à radiação ultravioleta. Todas as pessoas, independente da cor da pele, devem usar filtro solar ao se expor ao Sol, mas aquelas com peles mais claras (com menos melanina e, por isso, menos resistentes) devem se precaver ainda mais.
Além do uso de um filtro solar com fator mínimo igual a 15, a forma de utilização também influencia bastante na proteção. Não basta usar o filtro solar apenas uma vez, pois ao término do tempo de proteção proporcionado pelo filtro, a pele estará vulnerável novamente. O ideal é reaplicá-lo a cada 3 horas, sempre 20 ou 30 minutos antes da exposição ao Sol, para que o produto penetre adequadamente na pele. Também é importante a reaplicação após grande transpiração ou após o banho.


Outros cuidados que podem aumentar ainda mais a proteção contra os raios ultravioleta seriam: usar chapéu e óculos escuros; usar o protetor mesmo nos dias nublados e em áreas de sombra e evitar a exposição direta ao Sol nos horários de maior incidência da radiação ultravioleta (entre 10 h e 15 h).
O bronzeado, que antes era considerado um sinal de saúde e beleza, hoje é considerado um alerta do corpo contra os danos provocados pelo Sol. Uma pele saudável ao longo da vida é muito mais importante do que um bronzeado que dura alguns dias. Tomando cuidados simples, mas necessários, você pode curtir os dias ensolarados sem se preocupar com as consequências desagradáveis de curto prazo, como ardência ou queimaduras, e até mesmo aquelas mais sérias e de longo prazo, como o câncer de pele. Pele vermelha, nunca mais!




Fonte: Proposta curricular – 8ª série – 9° ano volume 3

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